sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Novo campo de Tupi deve mudar perfil energético do Brasil, afirma Dilma Rousseff

08/11/2007 - 17h37

Da redação
Em São Paulo

Em coletiva realizada após a reunião do Conselho Nacional de Política Energética, no Rio de Janeiro, a ministra Dilma Rousseff afirmou que a área denominada Tupi, localizada na bacia de Santos, pode modificar o atual perfil energético do Brasil. A Petrobras divulgou nesta quinta os testes que confirmam o potencial energético no local.

"Com esta descoberta, nós deixaremos de ser um país médio que estava conseguindo auto-suficiência para nos transformar em um país de proporções exportadoras, como os países árabes, a Venezuela e outros", afirmou a ministra.

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse que com a nova descoberta o Brasil deve subir do 24º lugar no ranking de maiores reservas do mundo para a 8ª ou 9ª colocação, com o acréscimo de 5 a 8 bilhões de barris de petróleo à produção atual (que é de 14,4 bilhões).

A Petrobras, por sua vez, passaria do atual quinto lugar para o terceiro lugar em termos de tamanho de reservas entre as companhias petroleiras listadas em bolsa de valores em todo o mundo.

Dilma Rousseff afirma que apenas no primeiro poço descoberto há 40% de todas as reservas de petróleo e gás encontradas até hoje no país. Segundo estudos preliminares, outros poços devem se estender também pelas bacias do Espírito Santo e de Campos.

Questionado sobre os custos para a exploração desse 'novo' petróleo, classificado como leve, sem enxofre e com boa quantidade de gás, o presidente da Petrobras não soube precisar as cifras, mas disse que o investimento em tecnologia será grande.

Segundo Guilherme Estrela, diretor de exploração e produção da Petrobras, a exploração no Espírito Santo pode começar antes, já em 2009, pois a infra-estrutura necessária nas novas reservas é semelhante à já utilizada no local. "No Espírito Santo temos tecnologia avançada de extração e isso facilitará o início da operação", explicou.

Em Santos, a expectativa é a de "fazer um piloto de 100 mil barris por dia, além do aproveitamento do gás, o mais breve possível, talvez em 2010 ou 2011."

Exploração

Como as reservas estão localizados em grandes profundidades, o procedimento da Petrobras deve ser revisto para explorar a área. "O tratamento deve ser diferente do dado às reservas menores que hoje exploram áreas rasas", afirmou Dilma Rousseff, "a área deve exigir alterações que ainda não sabemos quais são. Modificamos nosso paradigma geológico".

Ainda segundo a ministra, agora estudos devem começar a ser feitos no intuito de orientar a conduta do governo daqui pra frente, para "avaliar qual é a melhor forma de contemplar o interesse nacional".

Rodada de negociação e investimentos

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) realiza rodadas de negociação para licitar áreas para exploração de petróleo. Devido aos dados apresentados pela Petrobras hoje que apontam esta "nova e significativa província petrolífera no Brasil", o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) decidiu retirar 41 blocos de exploração (onde estão as novas áreas) da nona rodada de negociação. "Precisamos de cautela diante da infomação [sobre o campo de Tupi]", afirmou.

A Petrobras é operadora da área com 65% do capital, em parceria com a britânica BG Group, que detém 25%, e a portuguesa Petrogal/Galp, com 10%. O óleo encontrado no local é considerado de melhor qualidade comercial do que a média do petróleo encontrado no Brasil.

Segundo a Agência Petrobras de Notícias, a empresa investiu US$ 1 bilhão nos últimos dois anos para perfurar, a 250 km da costa, 15 poços que atingiram as camadas pré-sal -camadas de rochas mais profundas. Destes, oito foram testados e avaliados, e produzem óleo leve de alto valor comercial e grande quantidade de gás natural associado.

Preço do gás

O ministo de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse que na reunião do Conselho Nacional de Política Energética não se discutiu o corte de gás ocorrido na semana passada no Rio de Janeiro e em São Paulo, tampouco o suposto aumento do combustível. O ministro limitou-se a informar que potenciais áreas de exploração de gás no país serão discutidas na próxima rodada de negociações da Agência Nacional do Petróleo.

Hoje a assessoria da Petrobras informou à Folha Online que o preço do gás natural poderá subir entre 15% e 25% nos próximos dois anos.

A diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, confirmou na coletiva que haverá o aumento, mas explicou que isso será negociado com cada distribuidora e suavizado ao longo de determinado número de meses.

Em entrevista ao jornal "O Globo" de hoje, Foster disse que o corte para as distribuidoras foi comunicado com antecedência. "O custo de produção do gás é crescente, é preciso que haja racionalidade. O gás não pode ficar descolado das variações de outros combustíveis", disse ao jornal.

Na coletiva, Maria das Graças Foster reiterou que "não há crise de gás natural no Brasil" e que "o país está com as reservas cheias". A interrupção na distribuição na semana passada, segundo ela, foi uma questão "contratual, na qual há limites legais que devem ser respeitados".

Notícias Bol
http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2007/11/08/ult23u707.jhtm


http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2007/11/08/ult23u707.jhtm

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